domingo, 17 de agosto de 2008

Memória compartilhada

Vamos brincar de faz-de-conta. Eu, ontem e, ainda hoje lembro o copo estilhaçando. Não vi aonde foram os cacos, havia poucas lâmpadas acesas, mas naqueles que refletiram luz, a cena trouxe um sorriso nervoso. Por um momento, pareceu que todos se alojaram ali, em monte, no mesmo pedaço de chão, mas hoje ao limpar, percebi que alguns deles chegaram próximos a mim. Muitos se desfizeram, transformaram-se fisicamente em outra coisa, porém foi o fundo que permaneceu copo, resto de copo, sobra de copo, base. Início de tudo, na verdade. Na parede azul, ficaram pingos secos de resto de bebida. Gotas.

Eu, ontem e, ainda hoje lembro que houve lágrimas, mas antes teve muito deboche e sarcasmo – típico. Lembro que havia bailarinas desequilibradas e aquelas outras com as costas deformadas de tanto esforço físico. Sei que existe gente deformada e peixes que vivem com fogo.

Acendo um incenso, não gosto de fumaça, odeio cheiro de cigarro, gosto, mão. Gosto mais dos pés, mesmo que seja apertado dentro de uma sapatilha. É uma pena, porque isso tudo vai parecer diário, mas não é. Foi ontem e, ainda hoje não esqueci.

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